terça-feira, 1 de outubro de 2013

Comunicação e expressão

Há exatos onze anos, viemos morar no Rio de Janeiro. A adaptação foi lenta e várias coisas me incomodavam. Entre elas a violência, a sujeira da cidade e os palavrões e gírias que o carioca está acostumado a falar sem perceber.
A violência melhorou com as UPPs, a sujeira aos poucos também está melhorando com a lei municipal que foi criada, e os palavrões não me incomodam mais; até eu estou falando e isto sim me incomoda.
A lista é vasta por isso selecionei poucos para citar.
Vou começar com o "Prá caralho". Esta expressão tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. "O céu tem milhões de estrelas. Claro que não, o céu tem estrelas prá caralho".
Do mesmo gênero mas expressando a mais absoluta negação está o "Nem fodendo!". O "Nem fodendo" é irretorquível, liquida o assunto. Sabe aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir pra balada? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa.
Agora pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante, qualquer "Pu-ta-que-pa-riu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo para se reorganizar.
Já o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta a autoestima. O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na constituição brasileira. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio quando passado o limite do suportável solta: "Chega! Quer saber mesmo de uma coisa? Foda-se!".
Entretanto, o que mais utilizo ultimamente é o "Caguei!". Ele te dá a sensação de liberdade absoluta, não importando a opinião ou atitude de ninguém. Fica mais ou menos assim: "Não gostou do texto? Caguei!".

Pronto, está dito!